Sempre fui uma pessoa impaciente.


 Geralmente tenho muitas ideias, projetos e
interesses rolando ao mesmo tempo. Sou definitivamente hiperativa, mas, de
certa forma, sinto que isso foi útil para mim. Minha mente às vezes trabalha
mais rápido que a capacidade que a minha boca tem de articular as palavras, e
sou o tipo de pessoa que gosta das coisas para ontem. Portanto, a impaciência
sempre foi um grande problema para mim. Hoje estou melhor do que
costumava ser, e isso graças aos meus filhos, mas ainda tenho uma longa
jornada pela frente. Não é da natureza do Benny ser impaciente, mas no ano
passado percebi que ele estava começando a ficar irritado. Bom, como eu
sabia que ele não estava puxando esse tipo de comportamento do Tom, de
quem seria se não de mim? Ser mãe me inspirou a buscar me aperfeiçoar
mais que de costume porque sei que sou eu que estabeleço o tom emocional
da família, e também funciono como espelho para meus filhos e meu marido.
Sempre lembro aos meus filhos de que todos estamos aqui aprendendo, e que
nosso aprendizado não termina nunca.
Já falei sobre como a adolescência e o início da juventude são uma época
de intensa negociação interna. E poucas experiências nos ensinam mais sobre
nossas vontades, necessidades e expectativas do que um relacionamento
amoroso. No passado, estive em namoros que me davam a sensação de nadar
contra a correnteza de um rio, e outros em que a água era calma e estável.
Quando escolhi o Tom para ser meu companheiro de vida, tive a sorte de
encontrar um homem mais calmo que impulsivo. Os parceiros de equipe dele
são testemunhas: o Tom é alguém com quem você pode contar. É uma
qualidade que eu não tinha sentido ter encontrado em nenhum dos meus
relacionamentos amorosos anteriores. Eu amo meu marido — e, acima de
tudo, confio nele. Com Tom, que dá uma base estável à nossa família, sou
capaz de criar um lar.

Nós também nos complementamos. Temos valores semelhantes. Somos
disciplinados quanto a rotinas e hábitos diários. Estamos os dois
comprometidos com a boa saúde e nutrição (a diferença é que eu como doce
quando tenho vontade, o Tom geralmente não). Meu marido é racional,
analítico, um homem de poucas palavras. Já eu sou emotiva, intuitiva,
inquieta, uma mulher de muitas palavras. Aprendi muito com o Tom. Quando
o Benny era menorzinho, deslocou o cotovelo e começou a gritar. Fiquei em
pânico até o Tom aparecer e controlar a situação. É possível que eu nunca vá
conseguir ser tão tranquila, calma e controlada quanto ele, mas estou
trabalhando nisso. Gosto de acreditar que a estabilidade e o equilíbrio do
Tom me dão o espaço e a liberdade de que preciso para voar, e que o
passarinho dentro de mim reconhece — e o Tom gosta de me lembrar disso
— que está bem preso a uma corda invisível e fininha que ele guarda lá no
fundo do bolso.
Com minha família, assumi naturalmente o papel de cuidadora. O dia de
trabalho do Tom é longo e cansativo, e, quando chega em casa, quero dar
atenção a ele. Mas, desde o começo, o Tom confiou em mim o suficiente para
conversar comigo — conversar de verdade —, e com o tempo aprendi a parar
de falar tanto e comecei a me tornar uma ouvinte melhor. Como meu pai
gosta de dizer, é por isso que a gente nasce com uma boca e dois ouvidos.
Às vezes, acho que colocamos muita pressão e responsabilidade em nossa
vida conjugal. Esperamos que nossos companheiros sejam nossos amantes,
melhores amigos, conselheiros, que sejam tudo para nós. Isso não quer dizer
que ao longo de qualquer relacionamento nós não desempenhemos esses
papéis, e que nossos parceiros não façam o mesmo por nós. Mas por que uma
pessoa deveria ser responsável pela nossa felicidade? Isso coloca muita
pressão no relacionamento, e me parece injusto e limitante para ambos.
Afinal, nossas vidas são feitas de tantas relações, e aprendemos coisas tão
diferentes com todas elas.

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